Avibras em Risco: O Que Está em Jogo na Defesa e na Soberania Nacional do Brasil
Introdução: O Alerta sobre a Soberania Nacional
O deputado federal Guilherme Boulos acendeu um alerta nas redes sociais: o Brasil pode perder sua maior empresa de **defesa**, a **Avibras**, uma das poucas companhias no mundo capazes de desenvolver sistemas completos de defesa aeroespacial. Segundo o parlamentar, se a empresa falir, o país corre o risco de entregar parte essencial da sua **soberania militar** aos interesses dos Estados Unidos, hoje representados politicamente pela linha nacionalista e militar de **Donald Trump**.
Mas afinal, o que está acontecendo com a Avibras, e por que a ameaça à **defesa brasileira** preocupa tanto?
Avibras: Um Patrimônio de Tecnologia Militar Brasileira
Fundada em 1961 em São José dos Campos (SP), a **Avibras Indústria Aeroespacial** é um dos maiores orgulhos da engenharia nacional. A empresa atua em pesquisa, desenvolvimento e produção de sistemas de defesa, foguetes, mísseis e veículos militares, e é reconhecida internacionalmente por sua excelência **tecnológica militar brasileira**.
Entre seus produtos mais famosos está o ASTROS II, um sistema de foguetes de artilharia que é referência mundial e utilizado por exércitos de países da Europa, Oriente Médio e Ásia.
A Avibras é um exemplo raro de autonomia tecnológica em um setor estratégico e altamente sensível: a **defesa nacional**. Em um mundo onde poucos dominam a fabricação de armamentos de ponta, o Brasil, graças à Avibras, tem capacidade de desenvolver seus próprios sistemas sem depender de potências estrangeiras.
A Crise Financeira e o Risco de Falência
Apesar da importância estratégica, a Avibras enfrenta, desde 2022, uma grave crise financeira. As dívidas já ultrapassam R$ 600 milhões, e o risco de falência é real.
O problema é resultado de um conjunto de fatores: redução de contratos governamentais, atrasos em pagamentos públicos, dificuldades no crédito industrial e pressão de concorrentes internacionais.
Caso a empresa feche as portas, o Brasil não perderá apenas empregos ou uma marca de prestígio — perderá também capacidade de produzir sistemas militares complexos, algo que não se reconstrói facilmente.
O Impacto Geopolítico: Dependência e Vulnerabilidade da Soberania Nacional
Num mundo marcado por tensões crescentes — da guerra na Ucrânia à disputa tecnológica entre EUA e China —, a independência militar se tornou questão de sobrevivência para qualquer nação que queira manter sua autonomia. A manutenção da **soberania nacional** está diretamente ligada à força de sua **indústria de defesa**.
Os Estados Unidos, por exemplo, há décadas consolidaram uma poderosa **indústria bélica** interna, controlada por gigantes como Lockheed Martin e Raytheon Technologies. Essa estrutura garante não apenas segurança nacional, mas também poder político e influência global.
O Brasil, no entanto, parece ir na direção oposta. Ao deixar a **Avibras** enfraquecer, o país se arrisca a depender de importações norte-americanas, comprando equipamentos a preços altíssimos e, o mais grave, sem autonomia sobre seu uso. Imagine depender dos Estados Unidos para ativar ou desativar um sistema de **defesa brasileira**. Em um cenário de divergência política, bastaria “desligar a tomada” para o país ficar indefeso.
O Projeto de Lei para Salvar a Avibras: Estatização em Debate
Diante desse quadro, o deputado **Guilherme Boulos** apresentou o Projeto de Lei 2957/2024, que propõe a **estatização da Avibras**. A medida busca garantir que o Estado brasileiro assuma o controle da companhia, preservando sua estrutura, seus empregos e, principalmente, sua tecnologia estratégica.
A ideia é semelhante ao que fazem as grandes potências mundiais: proteger empresas essenciais para a defesa e o desenvolvimento tecnológico.
“Se os Estados Unidos, a França e a China protegem suas empresas estratégicas, por que o Brasil não pode fazer o mesmo?”, questiona Boulos.
A proposta enfrenta resistência de setores liberais, mas seus defensores argumentam que a **soberania** não é uma questão ideológica, e sim de segurança nacional.
Conclusão: Defender a Avibras é Defender o Brasil
A **Avibras** não é apenas uma empresa de **defesa** — é um símbolo da capacidade brasileira de inovar, criar e se manter independente. Perder a empresa seria um retrocesso histórico, comparável à venda de uma refinaria estratégica ou à entrega de reservas energéticas. O que está em jogo vai muito além de uma falência empresarial — trata-se da autonomia do Brasil enquanto nação **soberana**.
Em tempos de globalização assimétrica, em que as grandes potências disputam não apenas mercados, mas também controle **tecnológico militar**, abrir mão de uma empresa como a Avibras seria um erro estratégico grave. Defender a **Avibras** é defender o Brasil.